terça-feira, 29 de abril de 2014

   Reflexões




Um arqueiro seguia próximo a um mosteiro hindu, conhecido por sua rigidez, quando viu os monges no jardim, bebendo e se divertindo.

“Como são cínicos aqueles que buscam o caminho de Deus”, disse em voz alta. “ Dizem que a disciplina é importante, e se embriagam às escondidas!”

“Se você disparar 100 flechas seguidas, o que acontecerá com o seu arco?”, perguntou o mais velho dos monges.

“Meu arco se quebrará”, respondeu o arqueiro.

“Se alguém se esforça além dos próprios limites, também quebra sua vontade”, disse o monge. “Quem não equilibra trabalho com descanso, perde o entusiasmo, esgota sua energia e não chega muito longe”.

(Paulo Coelho - O Que Você Salvaria)




Daqui por diante - e por algumas centenas de anos - o universo vai boicotar os preconceituosos.

A energia da terra precisa ser renovada. as idéias novas precisam de espaço. O corpo e alma precisam de novos desafios. O futuro bate à nossa porta, e todas as idéias - exceto as que envolvem preconceitos - terão chance de aparecer. O que for importante, ficará; o que for inútil, desaparecerá. Mas que cada um julgue apenas as próprias conquistas: não somos juizes dos sonhos de nosso próximo. 

Para ter fé em nosso caminho, não é preciso provar que o caminho do outro está errado. Quem age assim, não confia nos próprio passos.

Paulo Coelho - Maktub  




"Existem momentos em que gostaríamos muito de ajudar determinada pessoa, mas não podemos fazer nada. Ou as circunstâncias não permitem que nos aproximemos ou a pessoa está fechada para qualquer gesto de solidariedade e apoio.

Então, nos resta o amor. Nos momentos em que tudo o mais é inútil, ainda podemos amar – sem esperar recompensas, mudanças, agradecimentos.

Se conseguimos agir dessa maneira, a energia do amor começa a transformar o universo a nossa volta. Quando essa energia aparece, sempre consegue realizar o seu trabalho.

“O tempo não transforma o homem. O poder da vontade não transforma o homem. O amor transforma”, diz Henry Drummond."

Paulo Coelho - Livro de Anotações II




Às vezes criticamos a falta de fé dos outros. Não somos capazes de entender as circunstâncias em que esta fé foi perdida, nem procuramos aliviar a miséria do nosso irmão - que gera a revolta e a incredulidade no poder divino. 

O humanista Rober Owen (1771-1858) percorria o interior da Inglaterra falando de Deus. No século XIX era comum usar a mão-de-obra infantil em trabalhos pesados e Owen parou certa tarde em uma mina de carvão - onde um garoto de 12 anos, subnutrido, carregava um pesado saco de minérios.

"Estou aqui para ajudá-lo a falar com Deus", disse Owen.

"Muito obrigado, mas não o conheço. Ele deve trabalhar em outra mina", foi a resposta do garoto.

(Paulo Coelho – Caderno de Anotações II)




Um dos mais poderosos exercícios de crescimento interior consiste em prestar atenção às coisas que fazemos automaticamente - como respirar, piscar os olhos ou reparar nas coisas à nossa volta.

Sempre que fazemos isso permitimos que nosso cérebro trabalhe com mais liberdade - sem a interferência de nossos desejos. Dessa maneira, certos problemas, que pareciam insolúveis, terminam sendo resolvidos, certas dores, que julgávamos insuperáveis, terminam se dissipando sem esforço.

Quando você precisar enfrentar uma situação difícil, procure usar essa técnica. Exige um pouquinho de disciplina - mas os resultados são surpreendentes.




Um discípulo do mestre zen Bankei foi pego roubando durante a aula. Todos os outros pediram a expulsão dele, mas Bankei resolveu não fazer nada.

Dias depois, o aluno voltou a roubar, e o mestre continuou calado. Inconformados, os outros discípulos exigiram que o ladrão fosse punido, já que o mau exemplo não podia continuar.

- Como vocês são sábios – disse Bankei. - Aprenderam a distinguir  o certo do errado, e podem estudar em qualquer outro lugar. Mas este pobre irmão não sabe o que é certo ou errado e só tem a mim para ensiná-lo.

Os discípulos nunca mais duvidaram da sabedoria e da generosidade de Bankei, e o ladrão nunca mais tornou a roubar.

Paulo Coelho – Contos do Alquimista




"Existe uma obra de arte que nos foi destinada a criar. Ela é o ponto central de nossa vida, e - por mais que tentemos nos enganar - sabemos como é importante para a nossa felicidade. Geralmente esta obra de arte  está coberta por anos de medos, culpas, indecisões. Mas, se decidirmos tirar essas aparas, se não duvidarmos da nossa capacidade, somos capazes de levar adiante a missão que nos foi designada.
E esta é a única maneira de viver com honra."
Paulo Coelho ( Maktub
)




Um profeta chegou certa vez a uma cidade para converter seus habitantes.A princípio, as pessoas ficaram entusiasmadas com o que ouviam. Mas, pouco a pouco, a rotina da vida espiritual era tão difícil que homens e mulheres se afastaram, até que não ficou uma só alma para ouvi-lo.

Um viajante, ao ver o profeta pregando sozinho, perguntou:

- Por que continuas exaltando as virtudes e condenando os vícios? Não vês que ninguém aqui te escuta?

- No começo, eu esperava transformar as pessoas. Se ainda hoje continuo pregando, é apenas para impedir que as pessoas me transformem. 

Paulo Coelho - Doses de Sincronicidade




Quando perguntaram ao abade Antonio se o caminho do sacrifício levava ao céu , este respondeu:

- Existem dois caminhos de sacrifício. O primeiro é o do homem que mortifica a carne, faz penitência, porque acha que estamos condenados. Este homem sente-se culpado, e julga-se indigno de viver feliz. Neste caso, ele não chega a lugar nenhum, porque Deus não habita a culpa...

“O segundo é o do homem que, embora sabendo que o mundo não é perfeito como todos queríamos que fosse, reza, faz penitencia, oferece seu tempo e seu trabalho para melhorar o ambiente ao seu redor. Neste caso, a Presença Divina o ajuda o tempo todo, e ele consegue resultados no céu.” 

Paulo Coelho (Coleção Contos do Alquimista)




"O perdão é uma estrada de mão dupla. Sempre que perdoamos alguém, estamos também perdoando a nós mesmos. Se somos tolerantes com os outros, fica mais fácil aceitar nossos próprios erros. A partir daí, sem culpa e sem amargura, conseguimos melhorar nossa atitude diante da vida.

Pedro perguntou a Cristo: "Mestre, devo perdoar sete vezes meu próximo?" E Cristo respondeu: "Não apenas sete, mas setenta vezes". Quando - por fraqueza - permitimos que o ódio, a inveja, a intolerância fiquem vibrando ao nosso redor, terminamos nos consumindo nesta vibração. O ato de perdoar limpa o plano astral e nos mostra a verdadeira luz da Divindade."

Paulo Coelho

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