sexta-feira, 29 de agosto de 2014



Em algum lugar

Moacyr Franco

Um lugar pra nós
Eu ei de encontrar
Com as cores do amanhecer
Existe eu sei, eu sei...

Há um céu pra dois
Além do bem e do mal
Onde tudo o que eu desejei
Lá está a esperar por ti, por mim...

Eu cantarei aleluia.
Os pés na relva macia ao sol
Do momento azul
Em doce vibração
Pela mão eu te levarei
Ternamente rumo ao sol, ao sol
Ao céu...além...

Da minha mão chegaremos lá ao sol
Ao céu...além!


Calmo setembro
 
 
Vejo as flores de Setembro
Nosso amor a colorir
Dias calmos de Setembro
Em tudo a vida a nos sorrir

Por que tudo é tão bonito
Tanta luz vem nos beijar
Vemos perto o infinito
Nós sem ansiedade
Temos a eternidade
Em cada minuto de amor

Por que tudo é tão bonito
Tanta luz vem nos beijar
Vemos perto o infinito
Nós sem ansiedade
Temos a eternidade
Em cada minuto de amor.

Moacyr Franco


 



Distante dos olhos

 Moacir franco

Porque é que esta lágrima corre tão fria
E o inverno já foi?
Porque é que esta noite os meninos da rua
Não vejo brincar?
Não sei porquê a alegria dos amigos de sempre
Não me diverte mais e um me disse assim:

Distante dos olhos, aos poucos esqueces
O amor que não morre no teu coração.
Mas a quem eu mande levar-te uma rosa
Pergunta se estou me esquecendo de ti.

Tão longe dos olhos, tão perto de mim
Não há um caminho que não leve a ti.

E já sei porque sempre esse amargo soluço eu tento esconder
Quando penso que talvez alguém passe, te abrace... te fale de amor.
Também porque não consigo lembrar o sorriso que existe em teu olhar
Quando não estás aqui.

Distante dos olhos, aos poucos esqueces
O amor que não morre no teu coração.
Mas a quem eu mande levar-te uma rosa
Pergunta se estou me esquecendo de ti.

Tão longe dos olhos, tão perto de mim
Não há um caminho que não leve a ti.

Mas a quem eu mande levar-te uma rosa
Pergunta se estou me esquecendo de ti.

Tão longe dos olhos, tão perto de mim
Por todo caminho eu vou te encontrar.




 

           
Balada pra um louco
 
Num dia desses ou, numa noite dessas
você sai pela sua rua ou, pela sua cidade ou,
ou, sei lá, pela sua vida, quando de repente,
por detrás de uma árvore, apareço eu!!!

Mescla rara de penúltimo mendigo
e primeiro astronauta a pôr os pés em vênus.
Meia melancia na cabeça, uma grossa meia sola em cada pé,
as flôres da camisa desenhadas na própria pele
e uma bandeirinha de táxi livre em cada mão.

Ah! ah! ah! Você ri... você ri porquê só agora você me viu.
Mas eu flerto com os manequins,
o semáforo da esquina me abre três luzes celestes.
E as rosas da florista estão apaixonadas por mim, juro,
vem, vem, vamos passear. E assim meio dançando, quase voando eu
te ofereço uma bandeirinha e te digo:

Já sei que já não sou, passei, passou.
A lua nos espera nessa rua é só tentar.
E um coro de astronautas, de anjos e crianças
bailando ao meu redor, te chama:
vem voar.

Já sei que já não sou, passei, passou.
Eu venho das calçadas que o tempo não guardou.
E vendo-te tão triste, te pergunto: O que te falta?
...talvez chegar ao sol, pois eu te levarei.

Ah! Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco! Foi o que me disseram
quando disse que te amei.
Mas naveguei as águas puras dos teus olhos
e com versos tão antigos, eu quebrei teu coração.

Ah! Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco, louco, louco! Como um acróbata demente saltarei
dentro do abismo do teu beijo até sentir
que enlouqueçi teu coração, e de tão livre, chorarei.

Vem voar comigo querida minha,
entra na minha ilusão super-esporte,
vamos correr pelos telhados com uma andorinha no motor.
Ah! Ah! Ah!
Do Vietnã nos aplaudem: Viva! viva os loucos que inventaram o amor!
E um anjo, o soldado e uma criança repetem a ciranda
que eu já esqueci...
Vem, eu te ofereço a multidão, rostos brilhando, sorrisos brincando.
Que sou eu? sei lá, um... um tonto, um santo, ou um canto a meia voz.

Já sei que já não sou, nem sei quem sou.
Abraça essa ternura de louco que há em mim.
Derrete com teu beijo a pena de viver.
Angústias, nunca mais!!! Voar, enfim, voaaaarrr!!!

Ama-me como eu sou, passei, passou.
Sepulta os teus amores vamos fugir, buscar,
numa corrida louca o instante que passou,
em busca do que foi, voar, enfim, voaaaarrr!!!

Ah! Ah! Ah! Ah!...

Viva! viva os loucos!!! Viva! viva os loucos que inventaram o amor!
Viva! viva! viva!
...




                                   Biografia

Moacyr Franco-Um Gênio Brasileiro

Começou sua carreira nos anos 60 no programa Praça da Alegria. Interpretando o personagem "Mendigo", emplacou um grande sucesso ao gravar a marchinha de carnaval "Me Dá Um Dinheiro Aí". Estourou com outras músicas, como Suave é a Noite (versão de Tender is the Night), "Pelé agradece", "E tu te vais", "Pedagio" e Eu Nunca Mais Vou Te Esquecer. Sofreu um sério acidente automobilístico nos anos 70 e após isso um AVC, o que lhe prejudicou a carreira. Depois do sucesso que vivenciara na primeira metade da década de 70, nunca recuperou a imensa popularidade que tinha.
Desde então lançou vários discos (fez muito sucesso com a canção Balada número sete, homenagem ao grande jogador de futebol Mané Garrincha) e ganhou 42 discos de ouro, além de trabalhar nas principais emissoras do país apresentando, produzindo, escrevendo e atuando em diversos programas. Continua a seguir paralelamente a carreira de cantor, apresentando-se por todo o Brasil.
Em 1978 explodiu em todo o país com o sucesso "Turbilhão" (A nossa vida é um carnaval...), música mais tocada no carnaval daquele ano.
Nas décadas de 80 e 90 compôs várias músicas no gênero sertanejo, que alcançaram os primeiros lugares nas paradas, tais como: "Dia de Formatura", com Nalva Aguiar, "Seu amor ainda é tudo", "Ainda ontem chorei de saudade" e "Se eu não puder te esquecer", com João Mineiro e Marciano. Entre os anos de 1983 e 1987, interrompeu sua carreira artística para cumprir mandato de deputado federal após ser eleito no estado de São Paulo pelo PTB. Em 2010, tentou voltar à carreira política, candidatando-se a senador, pelo PSL. Apesar de ter obtido mais de 400 mil votos, não foi eleito.[2]
Na TV apresentou vários programas como Pequenos Brilhantes, A Mulher é um Show, Concurso de Paródias, Moacyr Franco Show e Moacyr TV, na Rede Globo (sempre tendo como redator o amigo de infância Gilberto Garcia, falecido em 1996) além de atuar nos humorísticos Meu Cunhado, ao lado de Ronald Golias, Ô… Coitado!, A Praça é Nossa (onde interpreta também o homossexual caipira Jeca Gay), SBT Palace Hotel entre outros. Participou também da versão da Rede Globo, Praça da Alegria, apresentada por Luís Carlos Mieli.
No programa "Moacyr Franco Show", revelou vários artistas como: Isabela Garcia, Guto Franco, Carla Daniel, Nizo Neto, Rosana Garcia, sua afilhada de batismo, entre outros.
Em 2011, ganhou o Troféu Menina de Ouro de melhor ator coadjuvante no Festival de Cinema de Paulínia por conta do personagem Delegado Justo no filme O Palhaço, de Selton Mello.[3]
Seu filho Guto Franco fez sucesso ao ser lançado ainda criança em programas do pai, chegando a participar como ator da telenovela O Grito produzida e exibida pela TV Globo na década de 1970. Guto participou da Praça interpretando o personagem Dona Guajarina e foi diretor e redator chefe do humorístico A Turma do Didi exibido pela Rede Globo aos domingos. Seu filho mais velho, Moacyr Franco Jr., é comandante dos aviões da TAM e faz voos internacionais. João Vitor, fez programa de televisão ainda novo assim como Guto, participou mais atualmente de Meu Cunhado e hoje com seu nome artístico Johnny Franco segue carreira na área musical, cantando, especificamente músicas com letras em inglês.

Trabalhos na TV

Trabalhos no cinema

Discografia

  • 2008 Aquelas Antigas 2
  • 2005 Se Me Deixarem Viver
  • 1999 Questão de Tempo
  • 1997 O Amor é Verde
  • 1993 Inteligência é Loucura
  • 1991 A Música da Estrada
  • 1989 O Amor Torna Tudo Novo de Novo'
  • 1988 Aquelas Antigas
  • 1987 Moacyr Franco
  • 1979 Moacyr Franco
  • 1977 Morrendo de Amor
  • 1977 Moacyr Franco
  • 1977 Moacyr Franco Show
  • 1976 Reencontro
  • 1975 Moacyr Franco
  • 1974 soleando amusica do ceu
  • 1972 Moacyr Franco
  • 1971 Moacyr Franco Especial
  • 1970 Nosso Primeiro Amor
  • 1970 Moacyr Franco Show
  • 1969 Por Amor
  • 1968 Querida
  • 1968 Me Perderás
  • 1966 eu te darei bem mais
  • 1966 E… Moacyr Franco
  • 1965 somente sucessos de moacyr franco
  • 1965 as coisas que eu gosto
  • 1964 ternura e alegria
  • 1963 show doçura
  • 1963 Doce amargura
  • 1963 Moacyr Franco
  • 1962 Contrastes
  • 1959 78 rotações: me dá um dinheiro aí/ compromisso de palhaço

Prêmios


 

terça-feira, 26 de agosto de 2014




                 Goste das pessoas

Kent não era mais do que um adolescente quando aprendeu, com seu amigo da mesma idade, uma das lições que mais lhe encheram de prazer a vida.

Ambos estavam estudando e, da janela, observaram um dos professores atravessando o estacionamento.

Kent explicou a Craig que não gostaria de reencontrar aquele instrutor. No semestre anterior, ele e o professor tinham se desentendido.

O cara não gosta de mim - finalizou.

Craig observou o professor e falou:

Talvez você esteja se afastando porque tenha medo de ser rejeitado. E ele provavelmente acha que você não gosta dele, por isso não é simpático com você. Por que não vai falar com ele?

Hesitante, Kent desceu as escadas, cumprimentou o professor e perguntou como tinha sido seu período de férias.

Ele se mostrou surpreso, mas respondeu. Juntos caminharam um pouco e conversaram.

O amigo tinha lhe ensinado algo simples. As pessoas gostam de quem gosta delas. Quando se mostra interesse por elas, elas se interessam por nós.

A partir daquele dia, o mundo se transformou para Kent numa grande descoberta.

Certa vez, viajando de trem pelo Canadá, ele começou a conversar com um homem que todos evitavam, porque cambaleava e enrolava a língua, ao falar. Todos pensavam que ele estivesse bêbado. Em verdade, ele estava se recuperando de um derrame.

Tinha sido engenheiro naquela mesma linha férrea e passou a viagem contando histórias fascinantes passadas naquela ferrovia.

Quando o trem foi se aproximando da estação, ele segurou a mão de Kent e agradeceu por ele ter ouvido, com tanta atenção.

Mas Kent sabia que o prazer tinha sido muito maior para ele próprio.

Em um outro momento, em uma esquina barulhenta, numa cidade da Califórnia, uma família o parou pedindo informações. Eram turistas da isolada costa norte da Austrália.

Em pouco tempo, tomando café, eles encheram de conhecimento a sua cabecinha, com histórias sobre lugares e costumes que possivelmente ele nunca teria conhecido.

Cada encontro se tornou uma aventura. Cada pessoa, uma lição de vida. Ricos, pobres, poderosos e solitários: ele percebeu que todos tinham tantos sonhos e dúvidas quanto ele mesmo.

Todos tinham uma história única para contar. Bastava alguém querer ouvir.

Uma jovem esteticista lhe confidenciou a alegria que tinha sentido ao ver os moradores de um asilo, sorrindo, depois que ela cortou e penteou seus cabelos.

Um guarda de trânsito revelou como tinha aprendido alguns dos seus gestos, observando toureiros e maestros.

Até mesmo um andarilho, com a barba por fazer, lhe contou como tinha conseguido alimentar sua família durante o período da depressão, nos Estados Unidos, recolhendo peixes atordoados que flutuavam na superfície, depois de explosões na água.

Em suma, todas as pessoas tinham histórias para contar. Histórias ricas de experiências. E todas sonhavam com alguém que as quisesse ouvir.

Pensamento

Parafraseando Francisco de Assis, poderíamos pensar em uma oração, mais ou menos assim:

Senhor, permita que eu procure muito mais ouvir do que ser ouvido; muito mais ver do que desejar ser visto.

Finalmente: que eu aprenda a gostar das pessoas primeiro, e faça as perguntas depois, para que eu possa descobrir, com alegria, que a luz que projeto nos outros, se reflete em mim mesmo, multiplicada por cem.
 


     A elegância do comportamento

As pessoas geralmente se preocupam com a aparência física e se esmeram para mostrar certa elegância, de acordo com suas possibilidades.

Isso é natural do ser humano. Tanto que muitos buscam escolas que ensinam boas maneiras.

No entanto, existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.

É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais corriqueiras, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto: é uma elegância desobrigada.

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.

Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das maldades ampliadas de boca em boca.

É possível detectá-la também nas pessoas que não usam um tom superior de voz. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.

É uma elegância que se pode observar em pessoas pontuais, que respeitam o tempo dos outros e seu próprio tempo.

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece. É quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não.

É elegante não ficar espaçoso demais. Não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro.

É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.

É elegante retribuir carinho e solidariedade.

Sobrenome, cargo e jóias não substituem a elegância do gesto. Não há livro de etiqueta que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo e a viver nele sem arrogância.

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.

A pessoa de comportamento elegante fala no mesmo tom de voz com todos os indivíduos, indistintamente.

Ter comportamento elegante é ser gentil sem afetação.

É ser amigo sem conivência negativa.

Ser sincero sem agressividade.

É ser humilde sem relaxamento.

Ser cordial sem fingimento.

É ser simples com sobriedade.

É ter capacidade de perdoar sem fazer alarde.

É superar dificuldades com fé e coragem.

É saber desarmar a violência com mansuetude e alcançar a vitória sem se vangloriar.

Enfim, elegância de comportamento não é algo que se tem, é algo que se é.

* * *

Mais do que decorar regras de etiqueta e elaborar gestos ensaiados, é preciso desenvolver a verdadeira elegância de comportamento.

Importante que cada gesto seja sincero, que cada atitude tenha sobriedade. A verdadeira elegância é a do caráter, porque procede da essência do ser.

 



     Dever e fantasias

Em sua busca pela felicidade, o homem não raro embrenha-se em caminhos tortuosos.

É frequente a confusão entre ser feliz e realizar fantasias.

Para a criatura irrefletida pode parecer necessário que todos os seus sonhos se concretizem, para que ela se considere plena.

Ocorre ser a felicidade, sob esse enfoque, uma utopia de impossível efetivação.

O ser humano é ilimitado em seus devaneios e fantasias.

Realizado um projeto, surge logo outro, mais ambicioso.

Se é a falta da casa própria que infelicita, após sua aquisição, com frequência, deseja-se outra maior.

Ao desejo de possuir automóvel em bom estado, sucede o anelo de adquirir um carro do ano.

Quem tem casa e carro, por vezes almeja viajar ou garantir a faculdade dos filhos.

Idêntico fenômeno dá-se nos mais variados quadrantes da existência.

É o desejo de notabilizar-se na carreira, frequentar o melhor clube da cidade, possuir roupas luxuosas ou joias.

Muitos desses desideratos são legítimos, mas sempre surge algo novo a ser buscado e nem tudo que se deseja acontece.

Se for necessário realizar todos os sonhos para o homem se sentir pleno, a frustração será sua constante companheira.

Por outro lado, ao desavisado pode parecer que tudo é legítimo para alcançar suas metas.

Talvez toda dificuldade seja considerada uma desgraça, um obstáculo a ser removido a qualquer preço.

Se o casamento não vai bem, pode parecer melhor terminá-lo de vez, para encontrar outra pessoa que seja ‘perfeita’.

O familiar doente ou de difícil convívio quiçá se afigure alguém a ser evitado a todo custo, sob o falso pretexto de preservar a própria paz.

Ora, a infantilidade e a superficialidade desse modo de viver são por demais óbvias.

O progresso é uma das leis da vida, e o homem é sempre chamado a burilar-se, aperfeiçoar-se, tornar-se melhor e mais forte.

As dificuldades têm a finalidade de ajudar a desabrochar o anjo que em todos reside, mediante o exercício das virtudes cristãs.

Felicidade não é sinônimo de cofres cheios, vaidades satisfeitas, absoluta ausência de problemas e desafios.

O Cristo, modelo e guia da humanidade, afirmou que oferecia sua paz, mas que a cada qual seria dado conforme suas obras.

Também disse que quem quisesse deveria tomar sua cruz e segui-Lo.

Os obstáculos, os desejos não realizados, as limitações têm o objetivo de sensibilizar-nos para a beleza da mensagem do Cristo.

Eles nos auxiliam a valorizar o que é eterno, em detrimento do transitório.

A conquistar, mediante o abandono das ilusões, a tão sonhada paz: o tesouro colocado onde ninguém pode roubar.

Felicidade, pois, não é ter tudo o que se quer, mas estar em harmonia com a própria consciência e com as leis divinas.

Entre concretizar uma fantasia e atender as próprias obrigações, o homem sensato não pode titubear.

Se um sonho demandar, para realizar-se, violação de nobres compromissos assumidos, ou não se amoldar a uma consciência tranquila, é melhor desistir dele, por mais sedutor que seja.

Consciência pesada é algo inconciliável com a plena realização do ser.

Não há felicidade sem paz e não há paz sem deveres rigorosamente cumpridos.
 


     A lição da carpintaria

Conta-se que certa vez uma estranha assembleia teve lugar em uma carpintaria.

Foi uma reunião das ferramentas para tirar as suas diferenças.

O martelo assumiu a presidência da reunião, com arrogância.

Entretanto, logo foi exigido que ele renunciasse. O motivo? É que ele fazia ruído demais. Passava o tempo todo golpeando, batendo. Não havia quem aguentasse.

O martelo aceitou a sua culpa, mas exigiu que também fosse retirado da assembleia o parafuso. É que ele precisava dar muitas voltas para servir para alguma coisa. Com isso, se perdia tempo precioso. O parafuso aceitou se retirar, desde que a lixa igualmente fosse expulsa. Era muito áspera em seu tratamento. E, além do mais, vivia tendo atritos com os demais. A lixa se levantou e apontou os defeitos do metro. Ele igualmente deveria sair do local, porque sempre ficava medindo os demais conforme a sua medida. Por acaso, ele estava achando que era o único perfeito?

Enquanto assim discutiam, entrou o carpinteiro. Colocou o avental e iniciou, feliz, o seu trabalho. Tomou a madeira e usou o martelo, o parafuso, a lixa e o metro.

Depois de algumas horas, a madeira grossa e rude do início tinha se transformado em um lindo móvel.

Ele contemplou a sua obra, elogiou e saiu da carpintaria.

Bastou fechar a porta, para as ferramentas retomarem a discussão. Contudo, o serrote com calma falou:

Senhores, foi demonstrado que todos temos defeitos. Mas também pudemos observar, nas últimas horas, que todos temos qualidades. Foi exatamente com as nossas qualidades que o carpinteiro trabalhou e conseguiu criar uma obra de arte, um móvel muito bem acabado.

Então, todos concordaram que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para afinar e limar a aspereza. O metro era preciso, exato em suas medidas. Sentiram-se como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram-se felizes com seus pontos fortes e por trabalharem juntos.

A mesma coisa acontece com os seres humanos. Quando as pessoas buscam pequenos defeitos nos demais, a situação se mostra negativa e tensa.

Ao buscar perceber os pontos positivos dos outros, é quando florescem os melhores lucros para as relações dos seres humanos.

Encontrar qualidades é, portanto, uma tarefa a que nos devemos dedicar, pois ela é capaz de inspirar todos os êxitos humanos.

***

Se você está disposto a ser uma pessoa produtiva no bem, otimista, criadora, comece a cultivar a sua capacidade de descobrir as virtudes nas pessoas.

Comece dentro do seu lar. Observe quantas qualidades positivas tem seu irmão, sua esposa, seu marido, sua sogra. Com certeza você se surpreenderá.

Depois, aumente a sua pesquisa e olhe para o seu vizinho, o colega de trabalho, as pessoas que lhe servem todos os dias: o motorista de ônibus, o cobrador, a moça do caixa do supermercado, a atendente da farmácia.

Ao fim do dia, você terá descoberto que esse imenso mundo de Deus está repleto de pessoas boas, de qualidades preciosas, prestativas e amigas.

E você terá se enriquecido de paz.
 
 
Hospital do senhor
 
Uma pessoa que não estava se sentindo bem, há algum tempo, fez a seguinte declaração:

Todo ano faço um check-up para avaliação de minhas condições de saúde. Um dia desses, resolvi fazer um exame diferente e fui a um hospital muito especial. O hospital do senhor.

Queixei-me de cansaço da vida, de dores nas juntas envelhecidas. Falei do coração descompassado pelas muitas preocupações e da carga de obrigações que me competem.

Logo que cheguei minha pressão foi medida e foi verificado que estava baixa de ternura. Recordei que há muito tempo não estou fazendo exercícios nessa área. Havia esquecido da necessidade de expressar carinho com gestos pequenos, mas muito importantes.

Quando foi tomada minha temperatura, o registro foi de quarenta graus de egoísmo. Então me lembrei de como estou guardando coisas e mais coisas, sem dar nada a ninguém, mesmo quando campanhas fazem apelos pela televisão, rádio, jornais.

Sempre achei que alguém daria o suficiente e que eu não precisava fazer nada.

Fiz um eletrocardiograma e o diagnóstico registrou que estou precisando de uma ponte de amor. As veias estão bloqueadas por não ter sido abastecido o coração vazio.

Ortopedicamente foi constatado que estou com dificuldade de andar ao lado de alguém. É que tenho preferido andar a sós. Caminho mais rápido, sem que ninguém me atrase.

Também foi observado que não consigo abraçar os irmãos por ter fraturado o braço, ao tropeçar na minha vaidade.

Nos olhos foi registrada miopia. Isto porque não consigo enxergar além das aparências.

Examinada a audição, reclamei que não estava ouvindo a voz do senhor e o diagnóstico foi de bloqueio em decorrência de uma enxurrada de palavras ocas do dia-a-dia.

A consulta não custou nada. Fui medicado e recebi alta. A receita que recebi foi para usar somente remédios naturais que se encontram no receituário do evangelho de Jesus Cristo.

Ao levantar, deverei tomar um chá de obrigado senhor para melhorar as questões referentes à gratidão. Ao entrar no trabalho, uma colher de bom dia amigo. De hora em hora, não posso me esquecer de tomar um comprimido de paciência, com meio copo de humildade.

Ao chegar em casa, será preciso tomar uma injeção de amor para melhorar a dificuldade de relacionamento familiar. Toda noite, antes de deitar, duas cápsulas de consciência tranqüila para que eu tenha um sono reparador.

Foi-me dada a certeza de que se seguir à risca toda a prescrição médica, não ficarei doente e todos os meus dias serão de felicidade.

O tratamento tem também um caráter preventivo. Assim, somente deverei morrer, por morte natural e não antes do tempo determinado.

***

O Evangelho pode ser considerado como a própria voz do Cristo a falar aos corações, chamando, chamando e conduzindo.

O Evangelho corporifica na Terra a palavra de Jesus. É ele mesmo que se apresenta de retorno, tomando os filhos e filhas da dor em seus amorosos braços para os conduzir para a luz gloriosa da verdade.

Como há dois mil anos, Jesus prossegue, através do Evangelho, a estender a esperança e o amor sobre toda a Terra, para todos os corações.


                    A família

Você já parou algum dia para pensar como funciona uma colmeia? Já se deu conta de que nela tudo é ordem, disciplina, preocupação pelo todo?

A colmeia é formada por células de cera, que se contam aos milhares. Em algumas dessas células existem ovos ou larvas de abelha. Outras servem como depósitos de pólen e de mel. Essas são os favos de mel.

Numa colmeia podem existir até 70 mil abelhas, que exercem diferentes funções.

As operárias são as que alimentam as larvas, cuidam da colmeia, trazem comida para todos os habitantes da comunidade. Elas começam como faxineiras, limpando as células onde estão os ovos. Depois produzem a geleia real que serve para alimentar as abelhas mais jovens e a rainha. Também trabalham como babás alimentando as abelhinhas mais crescidas com pólen e mel.

Com dez dias de vida elas se tornam construtoras. Começam a produzir cera, que lhes permite construir e remendar as células da colmeia.

A rainha tem como tarefa botar ovos, dos quais sairão as operárias, os zangões e as novas rainhas. No verão chega a botar em um só dia 1.500 ovos.

O zangão, desde que nasce, tem por tarefa a procriação com a rainha. Depois morre.

Tudo na colmeia reflete ordem, equilíbrio.

As operárias são também as que saem da colmeia para buscar a matéria prima de que necessitam. Estranhamente, elas nunca se enganam no caminho de volta para casa, para onde retornam com sua preciosa carga.

Embora sua vida seja curta, de cinco semanas apenas, elas não se cansam de trabalhar, sem cansaço, pelo bem-estar de toda a equipe.

Podemos pensar na família como uma colmeia racional. Cada um tem sua tarefa a cumprir, visando o crescimento da pequena coletividade, como exige o lar.

E todos são importantes no desempenho do grupo doméstico.

É no seio da família, na intimidade do lar, que se vão descobrir operárias incansáveis, trabalhando sem cessar, não se importando consigo mesmas. Em constante processo de doação.

É na família que se aprende a transformar o fel das dificuldades, as amarguras das incompreensões no mel das atenções e do entendimento.

É ali que se exercita a cooperação. Afinal, como a família é uma comunidade, há necessidade de ajuda mútua.

Quando a família enfrenta as dificuldades com união, cresce e supera problemas considerados insolúveis.

Para que a família progrida no todo, cada um deve se conscientizar de sua tarefa e realizá-la com alegria.

É por este motivo que as crianças devem ser incentivadas, desde cedo, a pequenas tarefas no lar.

Retirar os pratos da mesa, lavar a louça, aquecer a mamadeira do menorzinho.

Renúncia a um pequeno lazer para satisfazer o outro. Nem que seja somente a satisfação da companhia ou de um diálogo amistoso.

Se na colmeia familiar reinar o amor, conseguiremos com certeza ter elementos para uma atuação segura, verdadeiramente cristã, junto à família maior, na imensa colmeia do mundo.

***

A família é abençoada escola de educação moral e espiritual. É oficina santificante onde se burilam caracteres. É laboratório superior em que se refinam ideais.
 


     A arte de vencer
 
Ela era uma senhora solitária, envolta no luto da dor, desde que o marido morrera. Vivia só, na grande casa do meio da quadra. Casa com varanda e cadeira de balanço.

Todas as manhãs, o entregador de jornais, garoto de uns 10 anos, passava pedalando sua bicicleta e, num gesto bem planejado, atirava o jornal nos degraus da varanda.

Nunca errava. Paff! Era o sinal característico do jornal caindo no segundo degrau.

Então, numa manhã de inverno, quando se preparava para lançar o jornal, ele a viu.

Parada nos degraus da varanda, de pé, acenando-lhe para que se aproximasse.

Ele desceu da bicicleta e foi andando em direção a ela. O que será que ela quer? - Pensou o garoto. Será que vai reclamar de alguma coisa?

Venha tomar um café, falou a senhora. Tenho biscoitos gostosos.

Enquanto ele saboreava o lanche que lhe aquecia as entranhas, ela começou a falar.

Falou a respeito do marido, de suas vidas, da sua saudade. Passado um quarto de hora, ele se levantou, agradeceu e saiu. No dia seguinte e no outro, a cena se repetiu.

O menino decidiu falar a seu pai a respeito. Afinal, ele achava muito estranha aquela atitude.

O pai, homem experiente, lhe disse: Filho, ouça apenas. A senhora Almeida deve estar se sentindo solitária, após a morte do marido.

Deixe-a falar. Recordar os dias de felicidade vividos deve lhe fazer bem ao coração. É importante que alguém a ouça.

Nos dias que se seguiram, nas semanas e nos meses, o garoto aprendeu a ouvir, demonstrando interesse em seus olhos verdes e espertos.

Quando a primavera chegou, ela substituiu o café quentinho pelo suco de frutas. O verão trouxe sorvete.

Ao final, o entregador de jornais já iniciava sua tarefa pensando na parada obrigatória em casa da viúva. Habituou-se a escutar e escutar. Percebeu, com o tempo, que a velha senhora foi mudando o tom das conversas.

Como a primavera, ela voltou a florir, nos meses que vieram depois.

Quando o ano findou, o menino foi estudar em outra cidade.

O tempo se encarregaria de lecionar mais esperança no coração da viúva e amadurecer ideias no cérebro jovem.

Muitos fatores contribuíram para que o garoto e a viúva não tornassem a se encontrar. Contudo, uma lição o acompanhou por toda a vida. Ele nunca se esqueceu da importância de ouvir as pessoas, suas dificuldades, seus problemas, suas queixas.

Lição que contribuiu também para o seu sucesso como esposo, pai de família e profissional.

* * *

Saber ouvir é uma virtude. De um modo geral, nos cumprimentamos, perguntando uns aos outros, como está a saúde e a dos familiares.

Raramente esperamos por uma resposta que não seja a padrão: Tudo bem.

Normalmente, se o outro passa a desfiar o rosário das suas dores e a problemática da família, nos desculpamos apontando as nossas obrigações e quefazeres.

Entretanto, quando nos sentimos tristes, desejamos ardentemente que alguém nos ouça, que escute a cantilena das nossas mágoas.

Pensemos nisso. Mas pensemos agora, enquanto ainda nos encontramos a caminho com nossos irmãos, na estrada terrena.
 



                                             Perdão necessário

O perdão é uma necessidade na vida de qualquer pessoa.

Trata-se de um recurso que auxilia a seguir em paz a caminhada.

A existência humana é cheia de percalços e decepções.

A disparidade das personalidades causa pequenos e grandes atritos.

Mesmo criaturas boas e honradas às vezes magoam os semelhantes.

A própria dinâmica do mundo moderno dificulta que se dê a atenção devida às expectativas e aos sentimentos dos outros.

Quem se permite acumular mágoas torna-se infeliz.

Sempre há algo de ruim a ser recordado.

Pode ser uma indelicadeza, uma falta de atenção ou uma palavra mal colocada.

O homem que se dedica a procurar defeitos e ofensas certamente as encontra.

Entretanto, a mesma pessoa que ofendeu, talvez sem querer, também auxiliou inúmeras vezes.

É uma questão de escolher o que se deseja valorizar.

O que é mais importante?

Inúmeras gentilezas ou uma expressão grosseira?

A discrição de uma vida inteira ou uma palavra indiscreta, lançada por descuido?

A atitude generosa habitual ou um ato egoísta?

Muitas amizades são perdidas porque alguém se afirma traído.

Freqüentemente essa traição nem é de grande monta.

Trata-se antes de um momento infeliz, do que de algo premeditado.

A respeito, vale lembrar a passagem evangélica em que Jesus é instado a manifestar-se sobre a mulher adúltera.

Contrariando a expectativa geral, o Mestre afirmou:

Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra.

A lição é que não pode julgar aquele cuja consciência não seja pura.

Entretanto, as pessoas puras não se animam a julgar ninguém.

No episódio bíblico, Jesus limitou-se a recomendar que a pobre mulher não mais pecasse.

É importante ter em mente essa salutar lição.

Quem na Terra possui a consciência totalmente ilibada?

Para condenar um ato egoísta no próximo, é necessário ter sido sempre generoso.

Entretanto, a própria reprovação de um pequeno deslize já indica falta de generosidade.

Para se melindrar longamente com um comentário maldoso, impõe-se nunca ter falado mal de ninguém.

Quem remói a indiscrição de que foi alvo sinaliza ter sido sempre estritamente discreto.

Caso contrário, trata-se de um hipócrita, que faz o que reprova nos outros.

Na convivência social e familiar, é preciso lembrar que os seres humanos são imperfeitos.

Melhoram-se gradualmente com o passar do tempo e as experiências.

Para não se converter em uma criatura rancorosa e infeliz, o perdão é uma necessidade.

Mesmo quando somos alvo de alguma atitude realmente baixa ou cruel, persiste a necessidade de perdoar.

Somos todos espíritos muito antigos, com inúmeras reencarnações.

Nesse gigantesco caminhar, nem sempre fomos felizes em nossos atos.

Muitas vezes erramos, mas aprendemos com a experiência e seguimos em frente.

Conseqüentemente, não nos permitimos mais certas baixezas, que nos chocam.

Contudo, em nosso passado algumas situações clamam por corrigenda.

Se alguma grande dor nos atinge, não nos revoltemos contra quem é apenas o seu agente.

A causa reside em nossa consciência em desarmonia com as Leis Divinas, em nossa necessidade de experienciar certas decepções.

Perante situações inelutáveis e chocantes, não revidemos.

A capacidade de perdoar propicia libertação do passado e candidata a experiências mais felizes.

Em face dos equívocos alheios, é preciso perdoar, silenciar e esperar o tempo.
 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014


     Tempo
 
Que o amor seja pleno!
Que a vida eternamente.
Que o que faz bem dure muito também!
 
Que ninguém que amamos vá embora.
Que aquele momento especial nunca se perca!
Que o último beijo nunca acabe!
 
Que abraço apertado de despedida , nunca se desprenda!
Que o sorriso bonito jamais amarele!
Que o olhar marcante seja petrificado!
 
Que o sabor do chocolate não acabe!
Que o dia de frio não tenha que trabalhar!
Que a segunda-feira seja de férias permanente!
 
 
Que o dia de  ficar juntinho seja cheio de amor!
Que aquela companhia gostosa seja para muito tempo.
Que o dia de alegria seja multiplicado!
 
Que a satisfação de ter você comigo seja contínua!
Que seu amor seja inquebrável!
Que minha existência te faça muito feliz!
 
Que eu seja alguém especial na tua vida!
Assim como você é na minha!
Que possamos estar  juntos, até o fim de nossas vidas!
 
 
RMS20/08/2014

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Amor




Evite a decepção

Certamente não há quem goste de se sentir decepcionado, seja com alguma pessoa ou algum momento muito esperado, ninguém gosta de ter uma surpresa desagradável. Muitas vezes a decepção pode estar ligada a uma expectativa sempre muito positiva em relação às situações diárias.

Esperar todas as circunstâncias de uma forma negativa também não ajudará para excluirmos a decepção das nossas vidas, o mais importante de tudo é pensar tudo é imprevisível e depende de vários fatores para terminar de maneira positiva ou negativa.

Ao percebermos que tal fato não aconteceu como esperávamos, não podemos nos achar tão poderosos ao ponto de que o futuro ocorrerá perfeitamente como foi planejado. Apesar do planejamento ser um bom guia para evitar um transtorno ou uma engano, temos que contar com o acaso e os imprevistos que não podem ser controlados.
                              

                                                         Abuse dos abraços


Uma das melhores demonstrações de afeto é o abraço, pode ser utilizado para caracterizar uma menor intimidade, mas também pode certificar um amor de verdade.

Muitas vezes ele ainda pode ser um ótimo remédio contra a tristeza e ansiedade, e dependendo da sua qualidade pode liberar nas pessoas envolvidas altas doses de felicidade.

Pode aliviar as dores de um coração machucado e se utilizado constantemente, pode até melhorar exponencialmente as chances de cura de alguém adoentado.

Se combinado com beijinhos amorosos pode conquistar facilmente o coração daquele amante apaixonado, mas neste caso é preciso ter cuidado, se as doses ultrapassarem as recomendadas, pode espantar o futuro namorado.

Faça do abraço uma arma poderosa contra a infelicidade, distribua o máximo que puder e certamente se tornará uma pessoa muito mais alegre e com o estoque cheio de vivacidade!
Sonhos são para serem realizados

Tudo que sonhamos, seja fácil ou difícil de alcançar, nunca deve ser colocado apenas como um fruto da nossa imaginação, muito menos como algo impossível. Certamente o nível de dificuldade e de empenho que deverá ser depositado irá variar, mas jamais permita que seus sonhos sejam esquecidos simplesmente por não tentar conquista-los.

Com tantos exemplos de superação e vitórias, como você pode achar que apenas os seus sonhos são impossíveis de realizar? A diferença pode estar na simples ação de levantar e realmente se movimentar para concretizar.

Se você ficar esperando que o mundo se organize para transformar o seu sonho em realidade, pode até acontecer, pois nunca se sabe, mas com certeza a espera pode ser eterna, com grandes chances de permanecer para sempre como lindos pensamentos. Mas ao tentar com todo seu empenho e força de vontade, as chances de um final feliz aumenta em infinitas quantidades.


 As incertezas sobre a morte


Um dos maiores enigmas que cercam a humanidade desde, é por ironia, algo muito frequente nas nossas vidas, a morte. Deparamo-nos com ela todos os dias, seja com pessoas conhecidas, estranhas, que viviam do outro lado do mundo ou até com um animal de estimação muito querido.

Apesar de todas as explicações dadas pelas diversas religiões, pela ciência ou ainda pelos nossos antepassados, é algo sempre muito discutido e muito questionado. Há quem relacione a morte com uma passagem, que levará para um lugar anteriormente esperado, há também quem acredite que é apenas uma transição para o início de uma nova vida.

As explicações são as mais diversas, mas independentemente do que acredite, nunca é fácil dá adeus a um ente querido, principalmente quando existem palavras ainda não ditas. A crença na morte como algo além de um simples fim, nos conforta em um segundo momento, após a chegada do sofrimento da partida definitiva de uma pessoa querida.

Mas a única certeza que temos sobre a morte é que ela sempre chega, para uns mais rapidamente, para outros o tempo pode passar muito lentamente. Sabemos que o fim para quem foi é certo, mas o que acontece depois disso, certamente ainda dará origem a muitos questionamentos.
   
Deixe a raiva secar
 
Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho, com bolinhas amarelas. No dia seguinte, Julia sua amiguinha, veio bem cedo convida-la para brincar.

Mariana não podia porque ia sair com sua mãe naquela manha. Julia, então, pediu a coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.

Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme pôr aquele brinquedo tão especial.

Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão. Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada.

Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou: Esta vendo, mamãe, o que a Julia fez comigo?

Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão. Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Julia pedir explicações. Mas a mamãe, com muito carinho, ponderou:

- Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa?

Ao chegar a sua casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou.

Você lembra do que a vovó falou? Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar. Pois e, minha filha! Com a raiva e a mesma coisa.

Deixa a raiva secar primeiro. Depois fica bem mais fácil resolver tudo. Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu ir para a sala ver televisão.

Logo depois alguém tocou a campainha. Era Julia, toda sem graça, com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:

- Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atras da gente?

Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei. Ai ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me emprestado.

Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você. Espero que você não fique com raiva de mim.

Não foi minha culpa.

Não tem problema, disse Mariana, minha raiva ja secou. E, tomando a sua coleguinha pela mão, levou-a para o quarto para contar historia do vestido novo que havia sujado de barro.

A vida e a viagem de trem

A vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, agradáveis surpresas em muitos embarques e grandes tristezas em alguns desembarques.

Quando nascemos, entramos nesse magnífico trem e nos deparamos com algumas pessoas, que julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco, nossos pais.

Infelizmente isso não é verdade, em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos do seu carinho, amizade e companhia insubstituível. Isso porém não nos impedirá que durante o percurso, pessoas que se tornarão muito especiais para nós, embarquem. Chegam nossos irmãos, amigos, filhos e amores inesquecíveis!

Muitas pessoas embarcarão nesse trem apenas a passeio, outras encontrarão no seu trajeto somente tristezas e ainda outras circularão por ele prontos a ajudar quem precise.

Vários dos viajantes quando desembarcam deixam saudades eternas, outros tantos quando desocupam seu assento, ninguém nem sequer percebe.

Curioso é constatar que alguns passageiros que se tornam tão caros para nós, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos, portanto somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não nos impede é claro que possamos ir ao seu encontro. No entanto, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já haverá alguém ocupando aquele assento.

Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas, porém, jamais, retornos. Façamos essa viagem então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com os outros passageiros, procurando em cada um deles o que tiverem de melhor, lembrando sempre que em algum momento eles poderão fraquejar e precisaremos entender, porque provavelmente também fraquejaremos e com certeza haverá alguém que nos acudirá com seu carinho e sua atenção.

O grande mistério afinal é que nunca saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros de viagem, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado. Eu fico pensando se quando descer desse trem sentirei saudades. Acredito que sim, me separar de muitas amizades que fiz será no mínimo doloroso, deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos será muito triste com certeza... mas me agarro na esperança que em algum momento
estarei na estação principal e com grande emoção os verei chegar. Estarão provavelmente com uma bagagem que não possuíam quando embarcaram e o que me deixará mais feliz será ter a certeza que de alguma forma eu fui uma grande colaboradora para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.

Amigos, façamos com que a nossa estada nesse trem seja tranquila, que tenha valido a pena e que quando chegar a hora de desembarcarmos o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem


                                    A história da Rosa

No primeiro dia de aula nosso professor se apresentou aos alunos, e nos desafiou a que nos apresentássemos a alguém que não conhecêssemos ainda.

Eu fiquei em pé para olhar ao redor quando uma mão suave tocou meu ombro. Olhei para trás e vi uma pequena senhora, velhinha e enrugada, sorrindo radiante para mim. Um sorriso lindo que iluminava todo o seu ser. Ela disse: “Ei, bonitão. Meu nome é Rosa. Eu tenho oitenta e sete anos de idade. Posso te dar um abraço?” Eu ri, e respondi entusiasticamente: “É claro que pode!”, e ela me deu um gigantesco apertão.

Não resisti e perguntei-lhe: “Por que você está na faculdade em tão tenra e inocente idade?”, e ela respondeu brincalhona: “Estou aqui para encontrar um marido rico, casar, ter um casal de filhos, e então me aposentar e viajar”. “Está brincando”, eu disse.

Eu estava curioso em saber o que a havia motivado a entrar neste desafio com a sua idade, e ela disse: “Eu sempre sonhei em ter um estudo universitário, e agora estou tendo um!”

Após a aula nós caminhamos para o prédio da união dos estudantes, e dividimos um milk shake de chocolate. Nos tornamos amigos instantaneamente. Todos os dias nos próximos três meses nós teríamos aula juntos e falaríamos sem parar.

Eu ficava sempre extasiado ouvindo aquela “máquina do tempo” compartilhar sua experiência e sabedoria comigo. No decurso de um ano, Rosa tornou-se um ícone no campus universitário, e fazia amigos facilmente, onde quer que fosse.

Ela adorava vestir-se bem, e revelava-se na atenção que lhe davam os outros estudantes. Ela estava curtindo a vida!

No fim do semestre nós convidamos Rosa para falar no nosso banquete de futebol. Jamais esquecerei o que ela nos ensinou. Ela foi apresentada e se aproximou do podium. Quando ela começou a ler a sua fala, já preparada, deixou cair três, das cinco folhas no chão.

Frustrada e um pouco embaraçada, ela pegou o microfone e disse simplesmente: “Desculpem-me, eu estou tão nervosa! Eu não conseguirei colocar meus papéis em ordem de novo, então deixem-me apenas falar para vocês sobre aquilo que eu sei”.

Enquanto nós ríamos, ela limpou sua garganta e começou: “Nós não paramos de jogar porque ficamos velhos; nós nos tornamos velhos porque paramos de jogar. Existem somente quatro segredos para continuarmos jovens, felizes e conseguir o sucesso. Primeiro, você precisa rir e encontrar humor em cada dia. Segundo, você precisa ter um sonho. Quando você perde seus sonhos, você morre. Nós temos tantas pessoas caminhando por aí que estão mortas e nem desconfiam! Terceiro, há uma enorme diferença entre envelhecer e crescer... Se você tem dezenove anos de idade e ficar deitado na cama por um ano inteiro, sem fazer nada de produtivo, você ficará com vinte anos. Se eu tenho oitenta e sete anos e ficar na cama por um ano e não fizer coisa alguma, eu ficarei com oitenta e oito anos. Qualquer um, mais cedo ou mais tarde ficará mais velho. Isso não exige talento nem habilidade, é uma consequência natural da vida. A ideia é crescer através das oportunidades. E por último, não tenha remorsos. Os velhos geralmente não se arrependem por aquilo que fizeram, mas sim por aquelas coisas que deixaram de fazer. As únicas pessoas que tem medo da morte são aquelas que tem remorsos”.

Ela concluiu seu discurso cantando corajosamente “A Rosa”. Ela desafiou a cada um de nós a estudar poesia e vivê-la em nossa vida diária. No fim do ano Rosa terminou o último ano da faculdade que começara há tantos anos.

Uma semana depois da formatura, Rosa morreu tranquilamente em seu sono. Mais de dois mil alunos da faculdade foram ao seu funeral, em tributo à maravilhosa mulher que ensinou, através de seu exemplo, que nunca é tarde demais para ser tudo aquilo que você pode provavelmente ser, se realmente desejar.

Lembre-se: Envelhecer é inevitável, mas crescer é opcional!

O Mestre e o Samurai

Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso,
veio ver um Mestre Zen.
Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre,
sua beleza e o encanto daquele momento,
o samurai sentiu-se repentinamente inferior.
Ele então disse ao Mestre:
- "Por quê estou me sentindo inferior?
Apenas um momento atrás, tudo estava bem.
Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior
e jamais me sentira assim antes.
Encarei a morte muitas vezes,
mas nunca experimentei medo algum.
Por quê estou me sentindo assustado agora?"
O Mestre falou:
- "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei."
Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre,
e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar.
Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio,
o samurai perguntou novamente:
- "Agora você pode me responder por que me sinto inferior?"
O Mestre o levou para fora. Era um noite de lua cheia
e a lua estava justamente surgindo no horizonte.
Ele disse:
- "Olhe para estas duas árvores, a árvore alta
e a árvore pequena ao seu lado.
Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos
e nunca houve problema algum.
A árvore menor jamais disse à maior
"Por quê me sinto inferior diante de você?
Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato,
e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."
O samurai então argumentou:
- "Isto se dá porque elas não podem se comparar."
E o Mestre replicou:
Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta.
Quando você não compara, toda a inferioridade
e superioridade desaparecem.
Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto
ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo.
Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas.
O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer grande orador,
pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer.
Simplesmente olhe à sua volta.
Tudo é necessário e tudo se encaixa.
É uma unidade , ninguém é mais alto ou mais baixo,
ninguém é superior ou inferior.
Cada um é incomparavelmente único.
Você é necessário e basta.
Na Natureza, tamanho não é diferença.
Tudo é expressão igual de vida.
 
 
 

                                                             A Solução
 
Chamava-se Almira e engordara demais. Alice era a sua maior amiga. Pelo menos era o que dizia a todos com aflição, querendo compensar com a própria veemência a falta de amizade que a outra lhe dedicava.
Alice era pensativa e sorria sem ouvi-la, continuando a bater à máquina.
À medida que a amizade de Alice não existia, a amizade de Almira mais crescia.
Alice era de rosto oval e aveludado. O nariz de Almira brilhava sempre. Havia no rosto de Almira uma avidez que nunca lhe ocorrera disfarçar: a mesma que tinha por comida, seu contato mais direto com o mundo.
Por que Alice tolerava Almira, ninguém entendia. Ambas eram datilógrafas e colegas, o que não explicava. Ambas lanchavam juntas, o que não explicava. Saíam do escritório à mesma hora e esperavam condução na mesma fila. Almira sempre pajeando Alice. Esta, distante e sonhadora, deixando-se adorar. Alice era pequena e delicada. Almira tinha o rosto muito largo, amarelado e brilhante: com ela o batom não durava nos lábios, ela era das que comem o batom sem querer.
"Gostei tanto do programa da Rádio Ministério da Educação", dizia Almira procurando de algum modo agradar. Mas Alice recebia tudo como se lhe fosse devido, inclusive a ópera do Ministério da Educação.
Só a natureza de Almira era delicada. Com todo aquele corpanzil, podia perder uma noite de sono por ter dito uma palavra menos bem dita. E um pedaço de chocolate podia de repente ficar-lhe amargo na boca ao pensamento de que fora injusta. O que nunca lhe faltava era chocolate na bolsa, e sustos pelo que pudesse ter feito. Não por bondade. Eram talvez nervos frouxos num corpo frouxo.Na manhã do dia em que aconteceu, Almira saiu para o trabalho correndo, ainda mastigando um pedaço de pão. Quando chegou ao escritório, olhou para a mesa de Alice e não a viu. Uma hora depois esta aparecia de olhos vermelhos. Não quis explicar nem respondeu às perguntas nervosas de Almira. Almira quase chorava sobre a máquina.
Afinal, na hora do almoço, implorou a Alice que aceitasse almoçarem juntas, ela pagaria.
Foi exatamente durante o almoço que se deu o fato.
Almira continuava a querer saber por que Alice viera atrasada e de olhos vermelhos. Abatida, Alice mal respondia. Almira comia com avidez e insistia com os olhos cheios de lágrimas.
— Sua gorda! - disse Alice de repente, branca de raiva. Você não pode me deixar em paz?! Almira engasgou-se com a comida, quis falar, começou a gaguejar. Dos lábios macios de Alice haviam saído palavras que não conseguiam descer com a comida pela garganta de Almira G. de Almeida.
— Você é uma chata e uma intrometida, rebentou de novo Alice. Quer saber o que houve, não é? Pois vou lhe contar, sua chata: é que Zequinha foi embora para Porto Alegre e não vai mais voltar! Agora está contente, sua gorda?
Na verdade Almira parecia ter engordado mais nos últimos momentos, e com comida ainda parada na boca.
Foi então que Almira começou a despertar. E, como se fosse uma magra, pegou o garfo e enfiou-o no pescoço de Alice. O restaurante, ao que se disse no jornal, levantou-se como uma só pessoa. Mas a gorda, mesmo depois de feito o gesto, continuou sentada olhando para o chão, sem ao menos olhar o sangue da outra.
Alice foi ao pronto-socorro, de onde saiu com curativos e os olhos ainda arregalados de espanto. Almira foi presa em flagrante.
Algumas pessoas observadoras disseram que naquela amizade bem que havia dente-de-coelho. Outras, amigas da família, contaram que a avó de Almira, dona Altamiranda, fora mulher muito esquisita. Ninguém se lembrou de que os elefantes, de acordo com os estudiosos do assunto, são criaturas extremamente sensíveis, mesmo nas grossas patas.
Na prisão Almira comportou-se com docilidade e alegria, talvez melancólica, mas alegria mesmo. Fazia graças para as companheiras. Finalmente tinha companheiras. Ficou encarregada da roupa suja, e dava-se muito bem com as guardiãs, que vez por outra lhe arranjavam uma barra de chocolate. Exatamente como para um elefante no circo.

(Clarice Lispector
 
 


                                             Pertencer

Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança.
Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!

(Clarice Lispector)



Sou Composta Por Urgências

Sou composta por urgências
minhas alegrias são intensas
minhas tristezas, absolutas.
Me entupo de ausências,
me esvazio de excessos.
Eu não caibo no estreito,
eu só vivo nos extremos.
Eu caminho, desequilibrada,
em cima de uma linha tênue
entre a lucidez e a loucura.
De ter amigos eu gosto
porque preciso de ajuda pra sentir,
embora quem se relacione comigo
saiba que é por conta-própria e auto-risco.
O que tenho de mais obscuro,
é o que me ilumina.
E a minha lucidez é que é perigosa ...
Se eu pudesse me resumir,
diria que sou irremediável!

(Clarice Lispector)
 

 
Foto: <3
 
Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro
"me acho,me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram...
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas,
dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!


(Clarice Lispector)

Aprendizagem

Foto: :'(

Companheirismo

Mãe

Dica de vida

Foto: ઇ‍ઉ Parceiras: Pergaminho Perdido e Digo sem medo ઇ‍ઉ
                                    Me Definir é Difícil

 
Me definir é muito difícil. Às vezes pareço comum, às vezes singular. Sou bem assim: metamorfose ambulante. Adolescente em crise. Crises. De tudo o que você imaginar. O que mais valorizo no mundo? Amigos. O melhor sentimento? Felicidade. O melhor verbo? Amar. Conheço uma parte de uma frase, não sei o autor, mas ela define bem quem sou: viver é tentar ser feliz. É o que faço: vivo. E sim, me considero uma pessoa feliz, apesar de tudo. Depois de uma queda? Levanto e sigo em frente. Já desisti de contar os mil e um foras que dou. Vivo em busca de muitas coisas, mas já possuo a principal delas: a alegria. Uma companhia? Livros. Algo que te alegra? De novo os preciosíssimos amigos.
Bom, termino as ridicularidades desta minha descrição breguíssima com uma pergunta minha, e uma resposta fantástica, que se encaixa perfeitamente no meu caso.
Quem sou eu?
"Eu sou uma pergunta"

(Clarice Lispector)


Aprendi

Compreendi que viver é ser livre… Que ter amigos é necessário… Que lutar é manter-se vivo… Que pra ser feliz basta querer… Aprendi que o tempo cura… Que mágoa passa… Que decepção não mata… Que hoje é reflexo de ontem… Compreendi que podemos chorar sem derramar lágrimas… Que um verdadeiro amigo permanece… Que dor fortalece… Que vencer engrandece… Aprendi que sonhar não é fantasiar… Que pra sorrir tem que fazer alguém sorrir…Que a beleza não está no que vemos, e sim no que sentimos… Que o valor está na força da conquista… Compreendi que as palavras têm força… Que fazer é melhor que falar… Que o olhar não mente… Que viver é aprender com os erros… Aprendi que tudo depende da vontade… Que o melhor é ser nós mesmos… Que o SEGREDO da vida é VIVER !!!

E umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi criadora de minha própria vida.

(Clarice Lispector)

Razões

Inspiração



O amor que transforma a gente em gente junto de gente!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Foto: "Eu só queria dentro de um mundo com tanta gente, ter o imenso prazer de, pelo menos à alguém dizer: por ti vale todo meu viver..."

___ Cora Coralina


A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. 

Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. 

____ Mario Quintana

Foto: Paz                

Nunca uma pequena palavra e com poucas letras, mexeu tanto com a cabeça dos habitantes deste lindo planeta azul... PAZ...

Se olharmos através da máquina do tempo, veremos que esta palavra é perseguida implacavelmente, e muitas vezes mal interpretada por vários povos e nações. 

Para que ela funcione perfeitamente, é preciso que nós seres humanos, comecemos a abrir mão de poderes sem muito sentido.

A paz só acontecerá de verdade quando diminuirmos as nossas diferenças, quando falarmos a mesma língua, quando abrirmos mão do individualismo e pensarmos no todo.

Nesta linda viagem não estamos sozinhos...
Aproveite estes novos tempos de reflexão e dedique alguns minutos desta semana para rezar pela paz.

Quando o consciente coletivo da humanidade se reúne para uma grande conquista, torna-se verdadeiro o lindo sonho de viver em harmonia e próspero em paz. Autoria Desconhecida


                                         O milagre de sua presença

Em um programa que entrevistava o cantor Fábio Jr. e o seu filho Filipe. Num dado momento, Fábio fala da sua ausência devido aos shows e viagens, e comenta um fato emocionante ocorrido entre os dois. 

Quando seu filho ainda era pequeno, ele sofria de asma e teve que ser internado as pressas. Fábio chegou rapidamente ao hospital e deu um lindo beijo no seu filho. Alguns minutos depois, o menino não sentia mais nada, e disse ao pai: você é o meu remédio! 

Muitas vezes nesta vida nós somos o remédio da vida de outras pessoas. Quantas vezes você já curou uma pessoa com o seu abraço, com uma visita inesperada, com um sorriso bem dado numa manhã chuvosa ou até mesmo com um e-mail enviado sem a menor pretensão? 

Sua presença alegra a vida das pessoas, é um poderoso remédio contra a tristeza, a depressão, contra a dor e os sofrimentos da nossa alma. Estar presente na vida das pessoas que amamos é milagre poderoso e que pode se transformar em processos de cura absoluta. 

Aproveite esta segunda-feira e dê gotas homeopáticas de felicidade para os seus amigos, seus filhos, seu grande amor, sua família e de quebra para os seus companheiros de trabalho, mostrando a todos que você se importa com a vida deles. 

Lembre-se, este gesto nobre da essência humana, neste dia, poderá estar salvando uma vida.

Autoria Desconhecida

MESES DO ANO