Olhar diferente
Era uma conversa fim de tarde entre os três
amigos de sempre. Conversavam no café sobre "relacionamento". Aliás, todas as
conversas deles terminavam em relacionamento. A amiga mais jovens fala da sua
relação de cumplicidade. O amigo, desabafa a tristeza do fim do namoro, e a
amiga mais adulta, fala do seu espaço vazio.
O tema era "Relacionamento" para não dizer
amor, até porque saiu de tudo naquela conversa. Carinhos, brigas, sexo,
desentendimento, ficas, feitiches, fim, início... Mas, cada olhar ali presente,
vinha carregado de sentimentos, do momento em que cada um estava vivendo. E
assim, em meio a conversa, as duas amigas tentavam aconselhar o amigo triste, de
acordo com seu ponto de vista.
O olhar doce da moça mais jovem, reflete o
amor, a coisa boa de compartilhar a vida,e ao mesmo tempo o amor pessoal,
incondicional e apaixonado que devemos ter por nós mesmos. Ela fala da sua
relação e ao mesmo tempo do seu amor-próprio, do amor que deve existir em cada
pessoa para que ela não se perca em meio a relações que aprisionam e roubam a
identidade. Ela tem uma visão tão cheia de amor que contagia, que permite aos
outros olharem por um ângulo com cheiro de paz.
A amiga mais adulta dos três, vem de
relacionamentos conturbados e reflete um quê de amargo que enxerga a vida de
maneira realista, preto no branco, sem poesia, ela vê o defeito e o que houve de
ruim naquela relação, buscando mostrar o quanto ambos erraram. Ela olha com
paixão, mas, filtra com razão todo desabafo do amigo. Ela precisava de uma dose
de amor, que a permitisse vê um ângulo mais brando, mais suave. E por fim, o
rapaz, apaixonado ainda, que desabafa com angústia os sabores do fim.
Os três olhavam para um amor acabado. Os três
olhavam para um alguém que estava de coração partido. Mas, os três, cada um a
sua maneira, continha dentro de si uma bagagem de experiência e de vivência que
não o permitia ser neutro. A amiga enamorada, trazia seu toque de amor. A amiga
amarga, trazia a realidade de se olhar sem sentimentos. E ele, o pivô da
conversa, ainda via com amor o abandono, porque ainda estava aprendendo a
difícil etapa de uma relação que é "como esquecer".
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