terça-feira, 1 de novembro de 2016


               Urubus, a águia e a educação

...Sem educação, a cidadania demora estagnada sob o jugo da ignorância... ...a devida ração de mentiras, “pão e circo”...


Um grupo de urubus capturou um filhote de águia e o levou para uma pequena ilha afastada da costa. A pequenina ave, cresceu assistindo os urubuzinhos “mais fortes, belos e capazes de voar”, se aventurarem nos ares. Voarem para além de onde a visão podia alcançar. Lá onde “só os privilegiados pela natureza. Podiam afrontar terríveis perigos, tenebrosas ameaças, que apenas eles, os superpoderosos urubus podiam vencer”. Ela, a aguiazinha tinha que ser obediente e agradecida pela “bondade e proteção” dos seus “generosos benfeitores”.

Durante o sono, seus “tutores” cuidavam de cortar suas penas de voo sempre que essas despontavam. Assim, a “tutelada” ave nem sonhava descobrir sua vocação natural aos grandes voos. Podada, adestrada para a subserviência, sufocou seu espírito altivo de poderosa águia. Resignada com a ração que lhe permitia o sobreviver, divertia-se, voejava “livre” no círculo estreito daquele ilhéu.

Um dia, todos os urubus desapareceram da ilhota. Só e assustada, nossa amiga águia, logo aprendeu que não precisava de ninguém para garantir sua alimentação. Percebeu numa criatura altaneira e majestosa, o motivo da debandada de seus algozes. Uma ave magnifica de um voo imponente e exuberante, havia feito seu ninho ali. Daquele ser, emanava uma força, um poder assustador que lhe fascinava e atiçava a curiosidade.

O tempo passou e logo os filhotes da formosa ave já se aventuravam nas primeiras lições de voo. Observando a tudo escondida. Estudando, praticando, vivendo aquelas aulas. Nossa amiga não tardou em achar na integridade de suas asas a possibilidade de voar alto. Se deu conta de que estava diante de águias como ela. Encontrou-se, se descobriu, entendeu o que tinha sido feito de sua vida, da sua ignorância...

Sem educação, a cidadania demora estagnada sob o jugo da ignorância. Hoje, como ontem, as elites políticas sonegam educação ao povo para mantê-lo adestrado pela deseducação, subjugado por “bolsa isso, pacote aquilo” e outros artifícios de velhos e novos “coronéis”. Para os quais, o conhecimento é uma pedra no sapato, uma ameaça a esse sistema perverso que perpetua a injustiça e a segregação. Para os ricos, tudo. Para a plebe, a devida ração de mentiras, “pão e circo”.

Urubus só dominam águias que não sabem que são águias. Não permita que cortem suas asas. Eduque-se! Liberte-se!

Nenhum comentário:

MESES DO ANO